Estudos Asiáticos

1981, 1999 e 2007

A Ásia nos Estudos Afro-Asiáticos

Apesar do termo “Asiáticos” que compõe o nome do Centro de Estudos Afro-Asiáticos dizer muito mais sobre uma agenda de pesquisa e diálogos terceiro-mundistas, do que precisamente a respeito de estudos sistemáticos sobre a Ásia como um eixo prioritário de discussão do CEAA, o Centro teve em boa parte de sua trajetória uma dedicada equipe voltada para temáticas asiáticas.

Certamente, muitas das iniciativas do Centro foram motivadas pela efervescência política no continente asiático na década de 1970 e a necessidade que este tempo intempestivo impunha à Centros e Laboratórios de disseminação de estudos para dar respostas e gerar novas questões para a sociedade. A década de 70 viu o início da abertura econômica de Deng Xiaoping na China pós-Mao, viu a independência de Bangladesh e a ascensão da Índia enquanto liderança regional, viu a crise do Petróleo no sudoeste asiático, fortalecimento do pan-arabismo e viu também a vitória vietnamita sobre os Estados Unidos.

Essa equipe “Ásia” teve em sua composição membros como Severino Bezerra Cabral Filho, Ricardo Joppert, Gustavo Alberto Corrêa Pinto e Williams Gonçalves. Na década de 1970 ministraram alguns cursos pelo CEAA, ainda na unidade da Cândido Mendes de Ipanema. Alguns de seus temas: "Pensamento Oriental", "Ásia Contemporânea I: China e Indochina", "Pensamento Oriental: Índia", “Filosofia da História na China”, "Problemas Asiáticos Contemporâneos", “A Economia Atual do Japão” com prof. H. Mizuno (Universidade de Sophia – Tóquio) e "O Conflito no Oriente Médio".

ANO: 1973

Relatório de Atividades CEAA

ANO: 1974

A Palestina e o sionismo: Textos Escolhidos (Parte I)

A Palestina e o sionismo: Textos Escolhidos (Parte II)

ANO: 1977

Resumo dos programas dos cursos 2º semestre de 1977

ANO: 1978

Cursos 1º semestre de 1978

O Alicerce Cultural da China - Ricardo Joppert

ANO: 2003

Projeto China/BNDES não executado - Versão Extendida

ANO: 2004

Projeto China/BNDES não executado - Versão Reduzida

Abrindo os Olhos para a China - Beluce Bellucci (org.)

China

Havia um destaque à China na frente asiática do CEAA e, esse destaque era autoconsciente, à medida que a China pós-Revolução Cultural desempenhou um papel político nas articulações das relações internacionais, mediando a dicotomia de um contexto político cindido entre o “socialismo soviético” e o “capitalismo”.

Em sua dissertação de mestrado (USP, 1991), José Maria Nunes Pereira pretende compreender a correlação entre os estudos africanos no Brasil e suas relações com a África, a partir de um estudo de caso do CEAA. Nesse sentido, agenda de pesquisa do Centro teve íntima relação “com as mudanças da sociedade brasileira e as disponibilidades de financiamentos nacionais e internacionais” (CONCEIÇÃO, 1991, p.287). Podemos transpor esta análise também para a Ásia, À medida que os estudos asiáticos estão muito relacionados também em uma agenda de Estado que financiou muitas dessas iniciativas do Centro e outras instituições de pesquisa no Brasil.

Foi assim que o primeiro embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhang Dequn, veio ao Rio de Janeiro atendendo a um convite sugerido por Cabral e realizado por Cândido Mendes. Também foi essa relação que tornou possível a participação de Severino Cabral em 1979 na festa de inauguração da Embaixada da República Popular da China, em Brasília. Severino Cabral, que era o responsável do setor até sua saída (1982), tinha contatos diretos com a embaixada chinesa e frequentemente representava o CEAA em eventos culturais ou reuniões políticas importantes. Segundo seu depoimento ao Projeto de História Oral do IBGE (2012), sua entrada ao CEAA foi feita a partir de convite de José Maria Nunes Pereira, com o objetivo de indução de formação da área de Ásia do Centro.

Em entrevista ao nosso Projeto, Williams Gonçalves chamou atenção para os dois tipos distintos de públicos que se reuniam para os cursos relacionados à China. Os cursos ministrados por Severino Cabral atraíam um público interessado na história da revolução chinesa e em seus desdobramentos. Já as aulas de idioma chinês eram frequentadas principalmente por estudiosos da acupuntura, que almejavam viajar para a China para aprimorar suas práticas terapêuticas.

Além de estreitar as relações diplomáticas entre o Brasil e a China, o professor e sua equipe também buscaram estreitar as relações entre acadêmicos brasileiros e chineses. Em 1979, Ricardo Joppert foi enquanto membro do CEAA a convite do Departamento chinês de Controle das Antiguidades Nacionais em uma visita à China, onde esteve em contato com especialistas da Museologia e da História em instituições chinesas. Na Revista de Estudos Afro-Asiáticos nº5 (1981), foi publicada uma síntese deste encontro.

A década de 1980, marcada pelas reformas econômicas na China, também possibilitou a aceleração do processo de aproximação entre o Brasil e a China. Por essa razão, em 1985, foi organizada a Semana Cultural Brasil-China, um esforço comum que unia a Universidade Cândido Mendes, a Universidade de São Paulo, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o Instituto de Estudos do Terceiro Mundo (Ietem), o Wenming – círculo de intercâmbio cultural Brasil-China e figuras vinculadas com os debates sobre cultura chinesa e sua disseminação no país, como Lucélia Santos, Osny Duarte Pereira, Sun Chia Chin, Ricardo Joppert e Ricardo Gonçalves (CABRAL FILHO, 2004, p.308).

Em 1993, o professor propôs à Universidade Cândido Mendes a criação do Programa de Estudos da China e da Ásia-Pacífico, assumindo a coordenação do projeto. Em 1994, no ano que o CEAA organizou um evento de 20 anos das relações diplomáticas Brasil-China, Severino Cabral realizou sua primeira visita à China, integrando uma missão acadêmica organizada pelo Itamaraty. Na ocasião, teria visitado Cingapura, Pequim, Hong Kong e Macau. Com sua saída da UCAM no ano de 1994, o Programa se transformou no estimado Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacifico (IBECAP), tendo sido Diretor-Presidente desde a data de fundação. O IBECAP desenvolveu suas atividades com apoio do Instituto Itamaraty.

Reaproximação com a Ásia

Com a virada do milênio, a política estratégica que o Brasil desenha para sua nova inserção internacional neste início de século inclui a China em suas prioridades. Discutiam-se caminhos para a ampliação do comércio, como propiciar investimentos complementares em cadeias produtivas, que fazer para potencializar a criação de novas alternativas nas áreas econômica, política e cultural que confluam ao necessário amanhã melhor, são aspectos da pauta de discussão Brasil-China nos próximos anos e envolverão instituições políticas, diplomáticas, financeiras, produtivas e acadêmicas. Isso se refletia na produção de clippings de notícias veiculadas em jornais digitais sobre assuntos que aconteciam na China, em parceria com o Instituto de Humanidades da UCAM.

Um elemento importante que demarca o período foi a elaboração do Projeto ao BNDES “Por uma Cooperação Estratégica: Brasil x China”. Elaborado entre 2003 e 2004, foram pleiteadas duas versões ao Banco de Desenvolvimento. O objetivo do projeto seria identificar e catalogar as cadeias produtivas na China para orientar a política industrial brasileira, visando uma parceria estratégica. Propunha-se avaliar oportunidades de cooperação em capital, tecnologia e infraestrutura para aumentar a competitividade da indústria nacional e promover a geração de emprego e renda.

A primeira versão do projeto previa um período de execução de 9 meses, com um orçamento de R$1.400.000. Já na segunda versão, o valor do orçamento cai em mais de 3 vezes, com R$370.000 e o tempo previsto de execução em 6 meses. Ainda assim, tratava-se de um Projeto grande, com pesquisadores na China e no Brasil, com uma Equipe Técnica de Pesquisadores brasileiros dividida em quatro grandes áreas: complexo eletrônico, farmacêutico, sucro-alcooleiro e de bens de capital para a agricultura familiar.

O Projeto, infelizmente, não foi para frente. Sem dúvidas, significaria um novo sopro nas cooperações internacionais do CEAA e mais uma ação de pioneirismo empreitada.

Em 2004, ano que marcou as três décadas das relações Brasil x China, Beluce Bellucci publica “Abrindo os Olhos para a China”. Este livro conta com um capítulo escrito por Severino Cabral e com Edson Borges como editor. No prefácio, escrito por Wladimir Pomar, referência em assuntos sobre China e à época pesquisador associado do CEAA, chama atenção para o fato de que seria “a primeira vez na história brasileira que uma instituição educacional toma a iniciativa de publicar um livro contendo a opinião de pesquisadores e estudiosos chineses a respeito de seu próprio país” (BELUCCE, 2004, p.9).

Revista de Estudos Afro-Asiáticos

A Revista de Estudos Afro-Asiáticos, tendo sido publicada por 34 anos ininterruptos, foi uma das bases mais sólidas do Centro, tendo resistido às diversas mudanças na Diretoria do CEAA, assim como fagocitoses e mitoses de núcleos de pesquisa internos.

Na apresentação editorial da primeira edição da Revista EAA (1978), o Vice-Diretor do Centro justifica a importância da Revista como uma forma de combater a doença que é o colonialismo cultural. Essa doença se manifesta nos estudos das Ciências Humanas no Brasil como um silêncio na história do mundo afro-asiático no pós-guerra. Por extensão, esse silêncio do passado cortaria pontes e fecharia portas quanto à possibilidades de diálogo futuras do Brasil com os países do continente africano e asiático.

Em 34 anos, das 37 ocorrências de temas relacionados à Ásia e diáspora, 19 deles são relacionados à países do Leste Asiático ou Ásia Oriental (nesse caso, China, Japão e Coreia do Sul). Esse número é bem significativo, representando mais da metade dos artigos. Logo em seguida, temos o Sul da ásia (4 artigos, Índia), Oriente Médio (4 artigos, Palestina Irã, Turquia e Golfo Pérsico) e Sudeste Asiático (2 artigos, Indonésia e Timor-Leste).

Com a saída de Severino Cabral (posteriormente passa a ser um consultor para assuntos sobre Ásia) e Williams Gonçalves do CEAA em 1982, uma imediata desarticulação da equipe de Ásia é notável a partir de levantamento da incorrência de temas sobre Ásia na revista. Isso é destacado na apresentação da Revista em 2004, em que Edson Borges chama atenção para a dinâmica dos acontecimentos que fez com que a partir de 1990, o foco editorial se voltasse para os temas relacionados à formação racial brasileira.

BELLUCCI, Beluce et al. Abrindo os olhos para a China. EDUCAM, 2004.
CABRAL, Severino. Encontro entre Brasil e China: cooperação para o século XXI. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 43, n. 1, p. 24–42, jan. 2000.
CABRAL, Severino. “O Brasil e a China—Uma Visão Brasileira da Parceria Estratégica.” Revista da Escola Superior de Guerra 21, no. 45, 2006.
CABRAL FILHO, Severino Bezerra. O Diálogo Brasil-China: Perspectivas para o Século XXI. In: Abrindo os olhos para a China. EDUCAM, 2004.
CONCEIÇÃO, José Maria Nunes Pereira. Estudos africanos no brasil e as relações com a africa: um estudo de caso do CEAA, 1973-1986. 1991. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991. . Acesso em: 07 jan. 2025.

Evolução dos Estudos de Ásia na EAA 1978-2012

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Ano: 1978

Tema: China

Autor: Williams da Silva Gonçalves

Título: A via Chinesa

Páginas: 3

Era do CEAA? Sim

Comentário: Nesta indicação, Williams apresenta brevemente as disputas entre o Partido Comunista soviético e o chinês sobre o caráter da autenticidade de seus processos revolucionários, e as disputas por hegemonia terceiro-mundista na época já buscadas por ambos países. São indicados 36 obras, todas parte do acervo da Biblioteca do CEAA.

Ano: 1978

Tema: China

Autor: Severino Bezerra Cabral Filho

Título: A sinologia no Brasil

Páginas: 3

Era do CEAA? Sim

Comentário: Nesta seção, Severino Cabral apresenta o livro recém-publicado de Ricardo Joppert, também sinólogo e vinculado ao CEAA, com o título “O Alicerce Cultural da China”. Publicado em 78 pela Editora Avenir.

Ano: 1980

Tema: Japão

Autor: Gustavo Alberto Corrêa Pinto

Título: O Zen e as Artes Japonesas

Páginas: 30

Era do CEAA? Sim

Comentário: Neste artigo, Pinto irá defender a importância da escola budista “Zen” para a constituição de importantes elementos caracterizadores das artes japonesas.

Ano: 1980

Tema: China

Autor: Severino Bezerra Cabral Filho

Título: Livro “Revolução cultural e organização industrial na China”

Páginas: 2

Era do CEAA? Sim

Comentário: Indicação do livro do economista e historiador francês Charles Bettelheim recém-publicado em português. O livro é fruto de trabalho de campo de Bettelheim em uma empresa fabril de Pequim pós-revolução cultural. Cabral assume uma leitura terceiro-mundista e destaca o cenário de instabilidade política resultado das investidas norte-americanas e dos impasses vividos nos Pcs – transformando o terceiro-mundo em um campo a ser disputado por estes eixos. Elogia a Revolução Cultural.

Ano: 1981

Tema: China

Autor: Ricardo Joppert

Título: Dinastia Xia: a aurora da realeza chinesa

Páginas: 13

Era do CEAA? Sim

Comentário: Neste artigo, Joppert apresenta uma síntese dos contatos que realizou com especialistas da museologia e História em instituições chinesas. Esses contatos foram realizados durante a visita do autor à China no departamento de 1979, a convite do Departamento de Controle das Antiguidades Nacionais da República Democrática da China.

Ano: 1984

Tema: China

Autor: José Carlos Avelino

Título: O Modo de Produção Burocrático na China

Páginas: 24

Era do CEAA? Não. Professor da PUC-Goiás.

Comentário: O presente artigo é baseado em parte de sua tese de doutorado (1980). Tentativa de conceituação do modo produção existente na China, partindo da avaliação de que não é nem o capitalismo (definido por Marx em suas obras) nem o capitalismo de Estado (segundo a interpretação de Charles Bettelhem), nem o socialismo (ou a transição ao socialismo, segundo a versão oficial).

Ano: 1984

Tema: China, Japão.

Autor: Ricardo Joppert

Título: A Pintura Chinesa e a Arte do “Bon-Sai”: Possíveis Convergências.

Páginas: 8

Era do CEAA? Sim

Comentário: Procura estabelecer uma possível influência da pintura chinesa no período Song (960—1279) sobre a arte dos bon-sai (árvores submetidas a um processo de nanismo) na China e no Japão.

Ano: 1984

Tema: Política externa brasileira, Japão.

Autor: João Fragoso.

Título: A Política Externa Brasileira dos Anos 50—70.

Páginas: 26

Era do CEAA? Sim

Comentário: Chama atenção para diversificação de mercados e fontes financeiras/tecnológicas do governo brasileiro. Nesse movimento identificado por Fragoso, o Japão passaria a ocupar uma posição de aumento de investimentos.

Ano: 1989

Tema: Japão.

Autor: Katsunori Wakisaka.

Título: Imigração japonesa no Brasil – 80 anos.

Páginas: 9

Era do CEAA? Não. Diretor-Secretário do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, São Paulo.

Comentário: Esboça a trajetória dos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil desde 1908, quando chegaram ao País os primeiros imigrantes, e conclui que seu processo de integração na sociedade brasileira se encontra em curso de forma acelerada.

Ano: 1989

Tema: Japão.

Autor: Vários.

Título: A Fundação Japão no Brasil. 80 anos da imigração japonesa.

Páginas: 5

Era do CEAA? Sim

Comentário: Pesquisadores do CEAA (José Maria e Juarez Coqueiro) entrevistaram Masakatasu Unemya, diretor da Fundação Japão no Brasil sobre os objetivos dessa instituição e suas linhas de atuação no País.

Ano: 1989

Tema: Japão.

Autor: Braz José de Araújo.

Título: Sistema eleitoral, partidos políticos e eleições no Japão (1945-1986).

Páginas: 29

Era do CEAA? Não. Professor de Ciência Política da USP.

Comentário: Resume as principais características do sistema eleitoral japonês no pós-guerra, estabelece uma relação entre os sistemas eleitoral e partidário e trata sucintamente dos principais partidos políticos, encerrando com uma crítica a certas abordagens tradicionais desse tema.

Ano: 1989

Tema: Oriente Médio, Argélia, Europa.

Autor: Juliette Minces.

Título: A comunidade argelina na França.

Páginas: 9

Era do CEAA? Não. Sociológa/jornalista sobre temas como Argélia, mundo árabe.

Comentário: Os imigrantes argelinos na França sofrem discriminação no tipo de emprego, nas áreas residenciais e na situaçao escolar maior do que outras comunidades de imigrantes. A especificação da colonização francesa na Argélia e a luta armada da independência nesse país são elementos básicos para compreender o grau dessa discriminação.

Ano: 1989

Tema: Oriente Médio, Israel, África do Sul, Apartheid.

Autor: Heribert Adam.

Título: Israel e África do Sul: perspectivas para a resolução de conflitos em Estados étnicos.

Páginas: 17

Era do CEAA? Não. Professor de Sociologia/Antropologia na Universidade Simon Frazier, Canadá.

Comentário: O autor aponta a semelhança dos conflitos que ocorrem em Israel e na Africa do Sul, ambos Estados étnicos, em que o poder está ameaçado pelos cidadãos considerados de segunda classe. No entanto, diferem as respostas dos dois Estados: estratégias de exclusão em Israel e de cooptação na África do Sul.

Ano: 1989

Tema: Coreia do Sul.

Autor: Ernani Teixeira Torres Filho.

Título: Coréia do Sul: um modelo de capitalismo organizado.

Páginas: 8

Era do CEAA? Não. Professor de Economia (UFRJ).

Comentário: Focaliza o novo padrão de capitalismo surgido na Ásia, em que a concorrência é potencializada por ações coordenadas entre o Estado e as empresas, com ênfase na experiência da Coréia, ressaltando os aspectos que propiciam uma melhor reflexão da realidade brasileira.

Ano: 1990

Tema: China.

Autor: Severino Bezerra Cabral Filho.

Título: O turbilhão chinês e o mundo pós-Yalta.

Páginas: 6

Era do CEAA? Sim.

Comentário: A crise política chinesa, face ao impacto do “efeito Gorbachev”, e as mudanças na cúpula do regime abrem possibilidades para a criação de um novo consenso nacional que origine um mega-Estado, contrariando a atual conjuntura internacional, marcada pela hegemonia liberal.

Ano: 1990

Tema: Japão.

Autor: Ernani Teixeira Torres Filho.

Título: O novo ciclo do investimento japonês e o Brasil.

Páginas: 11

Era do CEAA? Não. Professor de Economia (UFRJ).

Comentário: Identifica um novo ciclo dos investimentos diretos japoneses, que, após 1986, passam a predominar em setores manufatureiros não só do Sudeste Asiático como dos Estados Unidos, e considera que o Brasil, alijado por enquanto desse novo processo, pode reverter esse cenário.

Ano: 1991

Tema: Oriente Médio.

Autor: José Eustâquio Diniz Alves; Luiz Werneck Vianna; Luiz Eduardo Soares; Renato R. Boschi; Carlos Eduardo Rebello de Mendonça; Luis Manuel Rebelo Fernandes; Cesar Guimarães.

Título: Reflexões sobre a guerra no Golfo Pérsico.

Páginas: 39

Era do CEAA? Não. IUPERJ.

Comentário: Reune as comunicações apresentadas pelo Grupo de Conjuntura do IUPERJ em fevereiro de 1991.

Ano: 1991

Tema: Japão.

Autor: Gilson Schwartz.

Título: Inversões temporais na organização econômica japonesa.

Páginas: 8

Era do CEAA? Não. IE-Unicamp e Fundap.

Comentário: Salienta que, na forma como se organizam as seqüências de produção, de difusão de tecnologias, de desenvolvimento de produtos etc., e o lazer, a percepção japonesa do tempo passa por inversões cruciais e estratégicas frente aos conceitos ocidentais.

Ano: 1991

Tema: China.

Autor: Daniel Aarão Reis.

Título: China: os impasses das Quatro Modernizações.

Páginas: 20

Era do CEAA? Não. UFF.

Comentário: Tenta efetuar uma avaliação das reformas modemizantes empreendidas na China Popular desde meados dos anos 70, propõe uma reflexão sobre o alcance e as contradições das reformas na URSS e no Leste Europeu e busca caracterizar os limites do processo atualmente em curso na China Popular.

Ano: 1992.

Tema: Japão.

Autor: Ronan Alves Pereira.

Título: É o Japão um país etnicamente homogêneo? Considerações sobre o caso Kajiyama.

Páginas: 10

Era do CEAA? Não. Unicamp.

Comentário: Afirma que a analogia entre negros e prostitutas feita por um membro do governo japonês reflete as contradições internas do Japão: um país historicamente de formação multiétnica que resiste a se reconhecer como tal, não aceitando a existência oficial e social das minorias étnicas, sociais e culturais.

Ano: 1994

Tema: China.

Autor: Paulo Roberto de Almeida.

Título: O Brasil e a China: a cooperação em ciência e tecnologia em perspectiva histórica.

Páginas: 10

Era do CEAA? Não. Diplomata na Embaixada do Brasil em Paris.

Comentário: A partir de uma digressão histórica sobre a natureza do desenvolvimento e os requisitos sociais do progresso tecnológico, discute sobre as possibilidades e condicionamentos da cooperação entre o Brasil e a China e as bases de uma política nacional de desenvolvimento.

Ano: 1995

Tema: Árabes no Brasil.

Autor: Jeffrey Lesser.

Título: “O judeu é o turco de prestação”: etnicidade, assimilação e imagens das elites sobre árabes e judeus no Brasil.

Páginas: 20

Era do CEAA? Não. Connecticut College, EUA.

Comentário: Afirma que tanto árabes quanto judeus foram apenas dois grupos inseridos em uma “questão imigratória” que atormentou intelectuais e políticos brasileiros durante a época Vargas, marcada pela preocupação em definir quem era imigrante desejável.

Ano: 1997

Tema: Coreia do Sul.

Autor: Marcio Zukin.

Título: O papel da tecnologia na industrialização retardatária sul-coreana.

Páginas: 22

Era do CEAA? Não. PUC Rio.

Comentário: Analisa o papel que o desenvolvimento tecnológico teve na industrialização retardatária sul-coreana, com ênfase especial na indústria eletroeletrônica, explicando o seu desenvolvimento tecnológico, como as suas empresas se capacitaram tecnologicamente e suas formas de transferência tecnológica.

Ano: 2000

Tema: Índia.

Autor: Cândido Mendes.

Título: O contraste Índia-Brasil na periferia da globalização.

Páginas: 10

Era do CEAA? Sim.

Comentário: O objetivo desta comunicação é entender as semelhanças e diferenças dos desafios a serem enfrentados pela índia e pelo Brasil no processo da globalização.

Ano: 2000

Tema: Índia.

Autor: D. L. Shet.

Título: A secularização das castas e a formação de urna nova classe média.

Páginas: 24

Era do CEAA? Não.

Comentário: O artigo analisa as mudanças ocorridas na sociedade indiana, especialmente após a descolonização da India, que acabaram conduzindo à desritualização das castas, fazendo com que atualmente elas sobrevivam como uma comunidade baseada em afinidades, operando em um sistema recém-criado de estratificação social em que seus membros competem cada vez mais para ingressar na classe média.

Ano: 2000

Tema: Índia.

Autor: Dilip Loundo.

Título: Caminhos do filosofar na índia: conhecimento, ignorância e salvação segundo a escola Vedanta.

Páginas: 10

Era do CEAA? Não.

Comentário: O artigo procura examinar a natureza e a especificidade do discurso filosófico indiano, representado pela escola de pensamento Vedanta, que é, dentre as seis escolas filosóficas ortodoxas tradicionalmente reconhecidas na índia, a que mais influência exerceu e exerce na conformação da psique cultural indiana.

Ano: 2000

Tema: Índia.

Autor: V B. Singh.

Título: A ascensão do BJP e o declínio do Congresso: uma apreciação.

Páginas: 18

Era do CEAA? Não.

Comentário: O artigo analisa o fim da dominação unipartidária na índia a partir do crescimento do Partido Bharatiya Janata (BJP) e o declínio do Partido do Congresso Nacional Indiano, explorando a jornada ascendente do BJP e os fatores que contribuíram para seu crescimento da periferia para o centro da cena política.

Ano: 2004

Tema: Oriente Médio.

Autor: Zidane Zeraoui.

Título: La muerte de Arafat: el hombre y la revolución palestina.

Páginas: 32

Era do CEAA? Não. ITESM/México.

Comentário: O artigo analisa as repercussões da morte de Arafat para a correlação de forças na Palestina e o que isso implica para as investidas externas na região.

Ano: 2006

Tema: Indonésia.

Autor: Fernando Rosa Ribeiro.

Título: Pribumi e nonpribumi: colonialismo e a construção do Estado-nação indonésio.

Páginas: 43

Era do CEAA? Não. Unicamp.

Comentário: Este artigo relata os percalços jurídicos e identitários da era colonial tardia na Indonésia, assim como do período pós-colonial, através de uma compreensão aprofundada da identidade étnica chinesa no arquipélago ao longo do tempo. O argumento central é de que essa identidade desempenhou papel fundamental na constituição da noção de uma nação indonésia, especialmente no período pós-colonial. Ademais, o artigo propõe que a constituição de uma minoria construída como não-nacional é condição fundadora da construção de um espaço nacional.

Ano: 2009

Tema: Timor Leste.

Autor: Ana Claudia de Pinho Ronzani e Kelly Cristiane da Silva.

Título: As elites timorenses sob o olhar de Luís Cardoso.

Páginas: 18

Era do CEAA? Não. UNB.

Comentário: A comunicação explora o tema das elites do Timor-Leste e do nacionalismo timorense tendo como fonte a literatura do escritor Luís Cardoso.

Ano: 2009

Tema: Índia.

Autor: Claudio E. Ferreira.

Título: Nehru: ciência, nacionalismo e políticas externa e nuclear, 1947-1964.

Páginas: 18

Era do CEAA? Não. UFF.

Comentário: A comunicação explora a figura de Nehru e sua agência quanto às políticas externas e a questão da energia nuclear entre 47 e 64.

Ano: 2009

Tema: Irã.

Autor: Fernanda da Silva Vilhena Soares.

Título: Política, gênero e islã: discursos do poder no Irã pós 1979.

Páginas: 20

Era do CEAA? Não. UFRJ.

Comentário: A comunicação explora a temática de gênero e seus atravessamentos no dogma islâmico no período pós instaurada da República Islâmica no Irã.

Ano: 2009

Tema: Turquia, Iraque, curdos.

Autor: Guilherme Moutinho Serodio.

Título: Sobrevivendo ao genocídio e ao deslocamento: diáspora curda e respostas à repressão na Turquia e no Iraque entre 1987 e 1995.

Páginas: 16

Era do CEAA? Não. UFRJ.

Comentário: Diáspora curda e respostas à repressão na Turquia e no Iraque entre 1987 e 1995.

Ano: 2010

Tema: Árabes no Brasil.

Autor: Gisele Fonseca Chagas.

Título: Ensinar e aprender: a construção de identidades religiosas na comunidade muçulmana do Rio de Janeiro.

Páginas: 20

Era do CEAA? Não. UFF.

Comentário: O artigo analisa o papel que o conhecimento religioso da doutrina e prática islâmicas e a sua circulação através de cursos que são oferecidos na comunidade muçulmana sunita do Rio de Janeiro assumem na construção das identidades religiosas dos seus membros de acordo com diferentes elementos sociológicos.

Ano: 2011

Tema: Mundo árabe.

Autor: Paulo Vinícius Figueiredo dos Santos.

Título: Um Speculum Muçulmano? Notas sobre a construção do muçulmano perfeito na obra de Ibn Khaldun (1332-1406).

Páginas: 28

Era do CEAA? Não. UniRio.

Comentário: a. Este trabalho busca analisar as imagens construídas pelo autor magrebino Ibn Khaldun, em sua obra Prolegômenos, acerca daquilo que ele considera como o muçulmano perfeito. Isso foi realizado através de críticas feitas aos andaluzes e uma construção a partir da forma como o berbere incluía a religião em sua existência social.

Ano: 2012

Tema: China.

Autor: Paulo Antônio Pereira Pinto.

Título: China na década de 1980: abertura para um mundo de “desordem sob os céus”.

Páginas: 18

Era do CEAA? Não. Diplomata.

Comentário: O presente artigo registra a vivência do autor em Pequim, no início da década de 1980, quando a China iniciou seu processo de abertura. São analisados os prós e contras do período maoista e examinados os princípios da reforma economica na nova fase. Conclui-se que cabe procurar na origem do pensamento clássico chinês sobre a organização do “Império do Centro instrumentos para interpretar a etapa atual e apontar possíveis riscos na forma de governança.

Ano: 2012

Tema: China.

Autor: Amaury Porto de Oliveira.

Título: Governando a China: a quinta geração assume o poder.

Páginas: 22

Era do CEAA? Não. Embaixador aposentado.

Comentário: O presente artigo retrata a chegada da Quinta Geração ao poder do governo chinês por meio das eleições do Partido Comunista da China realizada em 8 de novembro de 2012. Esse evento ocorre a cada cinco anos, iniciado pelo Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), no qual são realizados seminários temáticos e reuniões regionais e um conclave para definir os nomes dos delegados que comporão o Comitê Central pelos próximos cinco anos.

Em Memória: Severino Bezerra Cabral Filho (1944-2021)

O Projeto CEAA presta uma homenagem à Severino Cabral Filho.

Severino Bezerra Cabral Filho foi um personagem fundamental da área de Ásia no Centro de Estudos Afro-Asiáticos. Professor, pesquisador do IBGE, historiador, sociólogo e um importante articulador das relações diplomáticas Brasil-China.

Formado em História pela Universidade Federal Fluminense (1977) e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1998). Logo após sua formação na graduação, José Maria Nunes Pereira realizou um convite à Severino Cabral, com o objetivo de indução daformação da área de Ásia no Centro.

Foi desta maneira que seus estudos sinólogos se iniciaram de forma mais sistemática. Em 1977, elaborou o programa do curso “Ásia Contemporânea I: China e Indochina”, que passaria a ministrar aos alunos e frequentadores das atividades do CEAA. Em entrevista ao projeto de Memória Oral do IBGE, Cabral relata que o programa ia desde a Guerra do Ópio (meados do século XIX) à Guerra do Vietnã (1959-1975), e na bibliografia do curso concatenava leituras de historiadores ocidentais canônicos com obras do líder e revolucionário chinês Mao Tsé-Tung. Essa miscelânea chama atenção para como, mesmo em um período de suspensão das liberdades democráticas, o Centro, por estar vinculado a uma instituição privada, pode burlar aspectos da censura e vigilância do Estado brasileiro no desempenho de suas atividades. Também ministrou outros cursos sobre cultura e língua chinesas, e escreveu textos e artigos sobre China, inclusive para a Revista EAA.

A parceria entre China e Brasil, iniciada com o estabelecimento de relações em 1974, expandiu-se com a visita presidencial de 1984 e fortaleceu-se ainda mais em 1988, com o lançamento do projeto de cooperação para a construção de satélites de monitoramento da crosta terrestre. Como representante do Centro para os assuntos asiáticos, representou o centro em cerimônias diplomáticas do Brasil com a República Popular da China, e desenvolveu contatos diretamente com a embaixada daquele país. Ele buscou fortalecer os laços com acadêmicos brasileiros e chineses, bem como com o corpo diplomático de ambos os países. Foi assim que Zhang Dequn, primeiro embaixador da República Popular da China no Brasil, visitou o Rio de Janeiro, atendendo a um convite sugerido pelo professor Severino e formalizado pelo professor Cândido Mendes. Nessas primeiras iniciativas de aproximação com a diplomacia chinesa, o professor Severino também esteve presente, em 2 de outubro de 1979, na cerimônia de inauguração do prédio da Embaixada da República Popular da China, em Brasília.

Saiu do CEAA em 1982, período de mudança da agenda terceiro mundista do Centro. Neste mesmo ano, passou a trabalhar no IBGE. Porém, mesmo que afastado das atividades do Centro, permaneceu como uma espécie de consultor, com parcerias pontuais. A verdade é que a entrada da Fundação Ford como principal financiamento do CEAA minou a agenda de produção terceiro-mundista que tanto era interessante à equipe de Ásia e de África. Aos poucos, José Maria teria cedido à essas pressões e, de pouco a pouco, a área foi desmantelada em detrimento da consolidação da frente de Afro-Brasil, com uma abordagem muito mais vinculada às ciências sociais.

Em 1993, o professor propôs à Universidade Cândido Mendes a criação do Programa de Estudos da China e da Ásia-Pacífico, assumindo a coordenação do projeto. Em 1994, no ano que o CEAA organiza um evento de 20 anos das relações diplomáticas Brasil-China, Severino Cabral realizou sua primeira visita à China, integrando uma missão acadêmica organizada pelo Itamaraty. Na ocasião, teria visitado Cingapura, Pequim, Hong Kong e Macau. Com sua saída da UCAM no ano de 1994, o Programa se transformou no estimado Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacifico (IBECAP), tendo sido Diretor-Presidente desde a data de fundação. O IBECAP desenvolveu suas atividades com apoio do Instituto Itamaraty.

Dentre seus trabalhos, podemos destacar “O Brasil e a China – Relações de Cooperação no Século XXI”, “As Relações Brasil/China e os Desafios do Século XXI” e “China – Uma Visão Brasileira”, e “Brasil-China: Cooperação e Intercâmbio no Campo de Estudos Estratégicos e Internacionais”, editado em 2020, pelo Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra.

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