O CEAA no Centenário da Abolição

Em 1988, por ocasião do centenário da abolição da escravidão no Brasil, o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) da Universidade Cândido Mendes assumiu um papel de destaque na promoção do debate público e acadêmico sobre a herança da escravidão e as desigualdades raciais persistentes. Sob a vice-direção de Carlos Hasenbalg, o centro redefiniu suas prioridades de pesquisa, enfatizando a produção de conhecimento de impacto social em um momento de grande visibilidade da questão racial. Entre as iniciativas realizadas, destacou-se a participação na Semana de Cultura Negra, organizada em março de 1988 em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Fundação Casa de Rui Barbosa, que incluiu o seminário “O Negro no Rio de Janeiro”. Essas atividades aproximaram a reflexão acadêmica do movimento negro e das políticas públicas, consolidando o papel do CEAA como espaço de interlocução entre universidade e sociedade.

Nesse mesmo contexto, o CEAA fortaleceu o Concurso de Dotações para Pesquisas sobre o Negro no Brasil, apoiado pela Fundação Ford. Em 1988, sua terceira edição selecionou projetos de jovens pesquisadores sobre temas como alforrias, relações senhoriais e símbolos da abolição, que mais tarde deram origem a publicações na revista Estudos Afro-Asiáticos. Ao estimular novas investigações e difundir seus resultados, o CEAA contribuiu para problematizar as visões celebratórias do 13 de Maio e enfatizar a continuidade das desigualdades raciais após a abolição. Assim, sua atuação no centenário combinou eventos públicos, fomento à pesquisa e produção editorial, reforçando a crítica à narrativa da “democracia racial” e afirmando a centralidade da memória e da resistência negra na sociedade brasileira.

A Nacional

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