CEAA 50 Anos
À luz de um contexto anticolonial e um ambiente de maior integração entre os países do chamado “Terceiro Mundo”, a partir da Conferência de Bandung, o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) surge como uma das iniciativas mais ousadas e bem-sucedidas do campo político e acadêmico daquele período.
Fundado em 1973 na Universidade Candido Mendes (à época, um conjunto universitário), o CEAA nasceu como uma continuidade direta do Instituto Brasileiro de Estudos Afro-Asiáticos (IBEAA), que havia sido criado no curto governo Jânio Quadros, junto à presidência da República. Cândido Mendes, então chefe da Assessoria Internacional da Presidência, foi um dos seus principais mentores e Eduardo Portela seu primeiro diretor.
O IBEAA elaborou projetos para a Política Externa Independente, inaugurada por Quadros, no que se referia à política externa brasileira para os novos países independentes da África.
Com a instauração do regime militar, em 1964, o IBEAA logo foi desativado.
Candido Mendes retomou o projeto em 1973 e nomeou José Maria Nunes Pereira, seu assistente no curso de Sociologia Africana na PUC-Rio, como vice-diretor do CEAA. Do encontro repleto de afinidades entre estas duas figuras, o mecenas intelectual e cosmopolita e o africanista dedicado, militante e generalista, surgiu, no auge da ditadura militar, aquele que se tornaria um dos mais importantes espaços de produção e circulação de ideias sobre África e diáspora do país, ao longo de seus 43 anos de existência.
Sua longevidade é resultado das diferentes frentes assumidas ao longo do tempo, de modo que o CEAA soube se reinventar e se aperfeiçoar nos diversos contextos econômicos, políticos e intelectuais que atravessou.
Texto de: Alexandre de Paiva Rio Camargo; Camila Gonçalves De Mario; Gabriel Delphino; Marianne da Silva Rocha; Thiago Campos da Silva.
Helena Theodoro
Foi Membro da SECNEB (Sociedade de estudo da Cultura Negra no Brasil) junto com outras lideranças e intelectuais brasileiras como Lélia Gonzalez.
Joel Rufino dos Santos
Historiador e doutor em comunicação (UFRJ). Foi um dos escritores do História Nova do Brasil (1963), presidente da Fundação Palmares entre os anos de 1994 e 1996.
Roquinaldo Ferreira
Historiador da escravidão, doutor pela University of California at Los Angeles, país onde está estabelecido como professor universitário
Denise Ferreira da Silva
Formada em sociologia pela UFRJ, Denise é uma artista visual e atualmente é professora na Universidade da Colúmbia Britânica, onde também coordena o Social Justice Institute.
Maria Aparecida Silva Bento
Psicóloga, fundadora e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que atua na redução das desigualdades raciais e de gênero.
Beatriz do Nascimento
Historiadora e roteirista, fundadora do Grupo de Trabalho André Rebouças na Universidade Federal Fluminense (UFF).
José Ricardo d’Almeida
Como graduando em ciências sociais no IFCS foi um dos primeiros integrantes das reuniões que aconteciam nos anos iniciais do Afro em Ipanema.
Yedo Ferreira
Reconhecido como militante histórico do Movimento social negro, era um militante do PCB que durante o curso de matemática na UFRJ conheceu Zé Maria e a militância negra.
Célia Nunes
Célia Nunes foi pesquisadora do CEAA e assessora do governo de Moçambique (1977-1989). Foi professora do curso de pós-graduação em História da África. Vai para Moçambique após o acirramento do processo revolucionário de independência daquele país.
Hélène Monteiro
Hélène Monteiro, antropóloga cabo-verdiana, teve uma contribuição significativa para o Afro-Asiáticos, onde atuou como pesquisadora visitante no final da década de 1980 e início da década de 1990. Durante esse período, colaborou com a Revista EAA, onde publicou o artigo intitulado "A francofonia no quadro das relações França-África" (1989).
João Carneiro
Natural da cidade do Porto e radicado em Angola, foi coordenador do CEAA na década de 70, quando ministrou cursos sobre Literatura africana em geral, e angolana em particular. Foi um poeta, ensaísta e crítico literário, tendo publicado diversos livros em Angola, como Dezanove Recontos (1968) e Kitatu Mu'Lungo (1974). Após a independência angolana, foi redator do Jornal de Angola. Foi colaborador de vários jornais e revistas (O Apostolado, O Comércio - O Espírito e o Tempo, Prisma) e foi locutor da Rádio Clube de Angola.
Paulo Roberto dos Santos
Professor de Literatura e histórico militante do movimento negro, itegrou o “Grupo Afro-Brasileiro” do CEAA na década de 1970, sendo figura ativa nos “Encontros aos Sábados”.
Victor Vockerodt
Sul-africano, foi um dos pesquisadores estrangeiros do Afro no final da década de 1970.
Monica Lima e Souza
Atuou como pesquisadora associada do Centro de Estudos Afro-Asiáticos entre os anos de 1994 e 2008. Durante este período, foi professora e palestrante dos cursos de Pòs-Graduação Lato Sensu em História da África, desde suas primeiras turmas. Mônica é professora de História da África no Programa de Pós-graduação em História Social (PPGHIS) e no Programa de Pós-graduação em Ensino de História (PPGEH) da UFRJ.
Michael Turner
Esteve diretamente envolvido na consolidação do CEAA, entre as décadas de 1970 e 1980. Através de seu prestígio e aporte de recursos da Fundação Ford, por ele capitaneada, o centro redirecionou sua agenda para os estudos afro-brasileiros. Esta virada veio em 1980, quando, juntamente com Joel Rufino dos Santos, Turner liderou o projeto de pesquisa Relações do Brasil com a África, no passado, e a participação do Negro na formação da sociedade brasileira, primeiro financiamento internacional expressivo do centro.
José Gonçalves
De origem angolana, foi pesquisador do CEAA e professor do curso de especialização em História da África, entre 1999 e 2003. Neste período, desenvolveu pesquisas relacionadas às experiências de cooperação econômica no Atlântico Sul, com destaque às relações entre o Brasil e o continente africano. Posteriormente, entre 2009 e 2011, retornou à UCAM e atuou como professor convidado.
Manuel Faustino
Foi membro ativo do Afro-Asiáticos, participando da Comissão Organizadora do Encontro Nacional Afro-Brasileiro, realizado em 1982, e do Ciclo de Conferências promovido pelo CEAA, em 1980. Médico e estudioso da obra de Frantz Fanon, o cabo-verdiano participou do Governo de Transição da República Autónoma de Cabo Verde.
Ângela Figueiredo
Entre 1999 e 2005, Ângela Figueiredo foi pesquisadora no Centro de Estudos Afro-Brasileiros, integrando a comissão científica da Revista Estudos Afro-Asiáticos e ajudando a promover iniciativas pioneiras, como o seminário Fábrica de Ideias. Sua atuação contribuiu para fortalecer a agenda de pesquisa sobre as relações entre gênero, raça e classe no Brasil, inclusive em diálogos comparativos internacionais.
Caetana Damasceno
Formada em História pela USP, com doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Caetana foi conselheira editorial da revista EAA e integrou pesquisas realizadas pelo CEAA sobre o mercado de trabalho no Brasil pós-Abolição. Foi pesquisadora no Instituto de Estudos da Religião (ISER). Atualmente é aposentada como Professora Associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Ana Senna
Foi a bibliotecária-chefe do CEAA por 30 anos (1981-2001) e responsável pela biblioteca do Instituto de Humanidades da UCAM entre 2001 e 2009. Dentre suas contribuições pioneiras, destaca-se a elaboração de um léxico étnico-racial, então inédito no país, para classificação e indexação dos documentos da Biblioteca e do Centro de Documentação do Centro.
João Luís Ribeiro Fragoso
Foi pesquisador do Afro, entre 1984 e 1986 – após finalizar sua dissertação de mestrado (1983). Historiador, com doutorado pela UFF, é, desde 2005, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seus trabalhos vinculados à pesquisa histiográfica sobre o Antigo Regime nos Trópicos integraram a bibliografia dos cursos de História da África e do Negro no Brasil.
Márcia Lima
Márcia Lima iniciou sua trajetória no Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) em 1991, em seu Departamento de Estudos Afro-Brasileiros. Sob a orientação de Carlos Hasenbalg, especializou-se em estudos sobre raça e mercado de trabalho. Ela fez parte da equipe de pesquisa do Boletim Números da Cor e colaborou com editoriais para o clipping Questões de Raça. Entre 1994 e 2004 integrou a equipe editorial de Estudos Afro-Asiáticos, onde atuou como Coordenadora Editorial, contribuindo para a consolidação da nova abordagem sobre as desigualdades raciais no Brasil.
Colin Darch
Trabalhou dois anos no CEAA, entre 1991 e 1992, quando foi coordenador do departamento África-Ásia, até ser substituído por Beluce Bellucci, recém-chegado de Moçambique. Durante sua estadia no centro, coordenou uma seleção de clippings e panfletos sobre a visita de Nelson e Winnie Mandela ao Brasil, em agosto de 1991, além de ter integrado a equipe do clipping A Semana na África, que teve 75 números publicados. Teria sido o proponente do Projeto Moçambique (1992), de mútua cooperação entre o CEAA e universidades moçambicanas, proporcionando experiências de intercâmbio entre estudantes destas instituições.
Marcelo Bittencourt
Chegou ao CEAA no início dos anos 90, ainda enquanto cursava a graduação (UFRJ), como membro da equipe de José Maria. Posteriormente à sua atuação no Afro, foi um dos fundadores da área de História da África no Brasil e um importante especialista na área de História angolana. No CEAA, tornou-se gestor do Projeto Moçambique (1992), do Projeto Angola (1995), quando fez o acompanhamento acadêmico de 125 estudantes angolanos no Brasil. Bittencourt também foi membro das equipes de produção de clippings do CEAA – com destaque para A Semana na África (1991–1993) e Notícias Africanas (1993–1997), e organizou, em conjunto com Beluce Bellucci, o curso lato sensu de História da África e do Negro no Brasil.
Nelson do Valle Silva
Após uma carreira inicial como demógrafo do IBGE, e tendo concluído um doutorado em Sociologia pela University of Michigan, Silva foi convidado a integrar o Afro por Carlos Hasenbalg, com quem já havia colaborado em diversos artigos, e na criação, em 1979, de um Grupo de Trabalho sobre relações raciais na ANPOCS. No Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, coordenou o Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais, contribuindo decisivamente para a afirmação da nova metodologia de pesquisa. Silva ofereceu, ainda, treinamento em métodos computacionais para equipes do Afro e do IUPERJ, formando a primeira leva de pesquisadores na nova abordagem.
Amauri Mendes Pereira
Amauri Mendes Pereira esteve presente no Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido Mendes desde suas origens, nos encontros no campus de Ipanema na década de 1970. Sua atuação no CEAA foi ampla, desempenhando papéis como colaborador e consultor ad-hoc nos anos 2000 e 2012, respectivamente. Ao longo de sua trajetória no centro, Amauri contribuiu significativamente para o desenvolvimento de pesquisas e iniciativas voltadas ao fortalecimento dos estudos afro-brasileiros e ao fomento do diálogo entre Brasil e África, consolidando sua relevância tanto no meio acadêmico quanto no ativismo.
Gladys Lechini
Gladys Lechini esteve ativamente envolvida em iniciativas acadêmicas promovidas pelo Afro-Asiáticos nas décadas de 1980 e 1990, quando foi pesquisadora-visitante por longos períodos. Participou de seminários nacionais e internacionais organizados pelo centro, que fomentaram o intercâmbio entre acadêmicos brasileiros, latino-americanos e especialistas africanos, com destaque para o X Congresso da ALADAA, realizado em 2000, com apoio do CLACSO. A obra de Lechini, uma das principais pesquisadoras sobre a cooperação e presença africana na Argentina, seu país, revela como o CEAA foi importante na construção de uma agenda de estudos diaspóricos desde uma perspectiva latino-americana.
Edson Borges
Chegou ao CEAA no início dos anos 90, ainda enquanto cursava a graduação (UFRJ), como membro da equipe de José Maria. Entre 1991 e 2012 foi pesquisador do CEAA, tornando-se também Editor da Revista Estudos Afro-Asiáticos, entre 2005 à 2011. Foi Coordenador de Projetos de cooperação internacional e de intercâmbio com países africanos. Integrou a equipe de produção de clippings, com destaque para A Semana na África (1991–1993) e Notícias Africanas (1993–1997). Foi um dos coordenadores do Curso de Especialização História da África e do Negro no Brasil.
Peter Fry
Como responsável pela Fundação Ford no Brasil, Peter Fry foi um agente importante na reformulação do Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, tanto pelo aporte de um robusto financiamento, quanto pela indicação de Carlos Hasenbalg para dirigi-lo, em 1986. Fry esteve à frente de dois projetos pioneiros de cooperação educacional do centro. O primeiro foi o Projeto Moçambique, que promoveu o intercâmbio de estudantes entre o Brasil e o país africano, e o segundo, um projeto voltado para a formação de doutores negros especializados em relações raciais, ampliando a diversidade étnico-racial da produção acadêmica.
Joselina da Silva
Entre 1999 e 2005, Joselina da Silva atuou como pesquisadora no Centro de Estudos Afro-Brasileiros (CEAB), vinculado ao CEAA. Nesse período, ministrou cursos para capacitação de professores sobre o Ensino da História da África e Cultura Afro-Brasileira, além de coordenar formações voltadas para ativistas e estudantes das relações raciais. No CEAB-CEAA, foi idealizadora e coordenadora do Fórum Iniciativas Negras e, ao lado de Amauri Mendes, publicou livro baseado em entrevistas realizadas com as delegações presentes na Conferência de Durban. Também organizou o Fundo Memórias Negras, parte importante do acervo do Afro. Sua contribuição tem sido fundamental para o fortalecimento das discussões sobre raça no contexto educacional.
Luiz Carlos Barcelos
Pesquisador do Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA entre 1986 e 1992, e, novamente, entre 1997 e 2001. Foi integrante do Grupo de Trabalho André Rebouças (GTAR – UFF), onde conviveu com outros pesquisadores que circularam pelo centro – como Beatriz Nascimento e Eduardo Oliveira. Sob a coordenação de Carlos Hasenbalg, participou da elaboração do Boletim do Centenário, com o objetivo de mapear, divulgar e analisar o impacto do Centenário da Abolição no debate público e acadêmico. Foi um dos organizadores do livro Escravidão e relações raciais no Brasil: cadastro da produção intelectual (1970-1990), publicado pelo CEAA em 1991.
Severino Bezerra Cabral
Formado em História pela UFF (1977) e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo-USP (1998). Foi pesquisador do CEAA entre 1978 e 1982, quando coordenou a área de estudos asiáticos, ministrando cursos sobre cultura e língua chinesas, e escrevendo textos e artigos sobre China, inclusive para a Revista EAA. Neste papel, representou o centro em cerimônias diplomáticas do Brasil com a República Popular da China, e desenvolveu contatos diretamente com a embaixada daquele país. Saiu do CEAA em 1982, período de mudança da agenda terceiro mundista do Centro.
Williams Gonçalves
Um dos pioneiros na profissionalização da área de Relações Internacionais no Rio de Janeiro, Williams Gonçalves, atuou no CEAA entre 1978 e 1982, nos estudos e cursos sobre Ásia, com ênfase em China. Em contato mais estreito com pesquisadores como José Maria Nunes Pereira e Severino Cabral, Gonçalves participou da elaboração de análises sobre conjuntura internacional, sobre os acordos de cooperação entre Brasil e África e Brasil e Ásia. Também se envolveu na organização de eventos sobre Estudos Estratégicos, em parceria com instituições como a Escola Superior de Guerra.
Olivia Gomes da Cunha
Sob a direção de Carlos Hasenbalg, iniciou sua trajetória no Departamento de Estudos Afro-Brasileiros no final dos anos 1980, quando atuou no projeto Escravidão e relações raciais no Brasil: cadastro da produção intelectual (1970-1990), publicado pelo CEAA em 1991. Participou da Comissão Julgadora do 1º Concurso de Teses sobre Relações Raciais e Cultura Negra no Brasil, realizado em 28 de agosto de 2003 e integrou o conselho editorial da Revista EAA.
Carlos Alberto Medeiros
Foi um dos fundadores da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (Sinba) e do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (lPCN), em 1974 e 1975. Um dos dirigentes do Movimento Black Soul, Medeiros foi informado em um baile sobre os Encontros aos Sábados, em Ipanema, logo tornando-se um dos organizadores das reuniões no CEAA, ao lado de Paulo Roberto dos Santos e José Ricardo D´Almeida. Mais tarde, trabalhou na Secretaria de Defesa e Promoção das Populações Negras, durante o segundo governo Leonel Brizola.
José Maria Nunes Pereira
Sociólogo e criador do Centro de Estudos Afro-asiáticos em 1973. Professor Titular da Universidade Cândido Mendes e realizava a dupla função de lecionar para alunos e militantes do movimento social negro.
Livio Sansone
Antropólogo, professor da UFBA, onde é pesquisador do Centro de Estudos Afro-orientais (CEAO). Foi diretor do CEAA durante os anos de 1996 e 2000, sendo o criador do projeto Fábrica de Ideias em 1999.
Beluce Bellucci
Beluce Bellucci, Doutor em história econômica pela USP; licenciado em desenvolvimento econômico e social pela Université de Paris 1 – Sorbonne. Na UCAM foi coordenador de África; vice-diretor executivo de CEAA; um dos criadores e primeiro diretor do Instituto de Humanidades, onde se integrou pela primeira vez os estudos africanos como disciplina obrigatória na grade curricular da graduação; foi pró-reitor de graduação e diretor de EaD.
Carlos Hasenbalg
Sociólogo argentino, um dos primeiros a aplicar o uso de métodos quantitativos nas ciências sociais brasileiras e ao assumir a direção do CEAA entre os anos de 1986 e 1991 montou o Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais de amplitude nacional, cujos arquivos compõem a biblioteca do Afro.
Jacques D’adesky
De origem congo-belga, é economista de formação. Chegou ao CEAA ainda nos anos de 1970 para apoiar a gestão de José Maria dada sua experiência na República Centro-Africana como funcionário da PNUD.
Candido Mendes de Almeida
Doutor em direito, cientista político, educador, polígrafo, membro da Academia Brasileira de Letras (Cadeira 35), terceiro Conde Mendes de Almeida (título criado e conferido pelo Vaticano), e Reitor da Universidade Candido Mendes.
Nanci VALADARES de Carvalho
Doutora em Politics (Áreas: Teoria Política e Relações Internacionais) pela New York University. Foi professora titular do Instituto Universitário Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes.
Rosana Heringer
Doutora em Sociologia (IUPERJ), é atualmente professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e dos cursos de graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE/UFRJ). Foi diretora do Centro de Estudos Afro-Brasileiros (CEAB), criado a partir do Programa de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, entre 2002 e 2004.
Osmundo Pinho
Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Atualmente é professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, campus de Cachoeira.
Rua da Assembléia, 10, 3º Andar, Sala 319,
Centro, Rio de Janeiro / RJ • CEP: 20011-901
Este Projeto foi financiado pela FAPERJ, por meio do Edital 29/2021, Apoio aos Programas e Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu do Estado do Rio de Janeiro (Processo E-26/210.966/2021), e do Edital 28/2021, Programa de Apoio a Projetos Temáticos no Rio de Janeiro (Processo E-26/211.317/2021).
Foi Membro da SECNEB (Sociedade de estudo da Cultura Negra no Brasil) junto com outras lideranças e intelectuais brasileiras como Lélia Gonzalez. É bacharel em direito (UFRJ) e pedagoga (UERJ), possui mestrado nesta última área e doutorado em filosofia (UGF), podendo ser a primeira tese em filosofia africana no Brasil (defendida em 1985). Compôs a equipe do CEAA junto com Jacques D'adesky entre os anos de 1985 e 1986, vindo para o Afro estudar terreiros de candomblé e lecionar no curso de História da África e do Negro no Brasil.
Historiador e doutor em comunicação (UFRJ). Foi um dos escritores do História Nova do Brasil (1963), presidente da Fundação Palmares entre os anos de 1994 e 1996, cuja gestão tinha como principal norte político a organização das lutas dos povos remanescentes de quilombos frente ao governo federal (foi durante sua gestão que um quilombo recebeu pela primeira vez sua titulação de terras, em 1995 no Pará), ex-preso político e escritor de diversos gêneros literários. Foi professor no curso de História da África e do Negro no Brasil a partir do ano de 1999.
Historiador da escravidão, doutor pela University of California at Los Angeles, país onde está estabelecido como professor universitário. Pesquisador do CEAA e professor da UCAM entre os anos de 1993 e 1997.
Formada em sociologia pela UFRJ, Denise é uma artista visual e atualmente é professora na Universidade da Colúmbia Britânica, onde também coordena o Social Justice Institute. Foi pesquisadora do CEAA ao longo da década de 1980, sendo uma das pesquisadoras que teve sua formação ligada ao Afro.
Psicóloga, fundadora e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que atua na redução das desigualdades raciais e de gênero no ambiente de trabalho. Recebeu financiamento do Afro para o desenvolvimento de suas pesquisas do mestrado sobre raça e trabalho junto com sindicatos e profissionais em 1986.
Historiador, foi professor associado ao CEAA entre 1982-1986. Além disso, compôs o corpo docente do curso de Pós-Graduação em História da África e do Negro no Brasil, ministrando disciplinas em 2006.
Historiadora e roteirista, fundadora do Grupo de Trabalho André Rebouças na Universidade Federal Fluminense (UFF). O filme Ori de 1989 lheu deu fama especialmente por tê-lo narrado (além de roteirizado) onde é recurperado os percursos dos movimentos negros entre os anos de 1977 e 1988 cujo fio-condutor era sua concepção particular de quilombo. Cunhada de José Maria Pereira Nunes, seus textos eram debatidos nos encontros aos sábados.
Como graduando em ciências sociais no IFCS foi um dos primeiros integrantes das reuniões que aconteciam nos anos iniciais do Afro em Ipanema, colaborando com cursos de formação e treinamento. Membro fundador do Sinba (Sociedade de Intercâmbio Brasil-África) e do IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras), tornou-se posteriormente mestre em relações étnico-raciais (CEFET) e doutorado em Comunicação (UFRJ).
Reconhecido como militante histórico do Movimento social negro, era um militante do PCB que durante o curso de matemática na UFRJ conheceu Zé Maria e a militância negra, este último o considerando um cofundador do Afro, mantendo uma frequência assidua com o passar dos anos. Foi um dos membros-fundadores do IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras), do SINBA (Sociedade de Intercâmbio África-Brasil) e acompanhou a criação do MNU (Movimento negro unificado). Foi um dos primeiros militantes brasileiros a trazer a pauta da Reparação histórica para a população negra.
Célia Nunes foi pesquisadora do CEAA e assessora do governo de Moçambique (1977-1989). Foi professora do curso de pós-graduação em História da África. Vai para Moçambique após o acirramento do processo revolucionário de independência daquele país.
Hélène Monteiro, antropóloga cabo-verdiana, teve uma contribuição significativa para o Afro-Asiáticos, onde atuou como pesquisadora visitante no final da década de 1980 e início da década de 1990. Durante esse período, colaborou com a Revista EAA, onde publicou o artigo intitulado "A francofonia no quadro das relações França-África" (1989). Neste trabalho, Monteiro discute a importância da francofonia na reprodução das desigualdades no âmbito das relações França-África, evidenciando como ela se insere em um contexto mais amplo de interesses na cena internacional.
Monteiro é autora da dissertação de mestrado O Ressurgimento do Movimento Negro no Rio de Janeiro na Década de 70, na qual propõe que a constituição de uma reduzida elite intelectual negra foi um dos fatores que propiciou a retomada da luta pelos direitos civis. A dissertação também aborda as principais lideranças do movimento e sua relação com processos maiores, como a urbanização do Brasil, a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e a descolonização da África lusófona.
Natural da cidade do Porto e radicado em Angola, foi coordenador do CEAA na década de 70, quando ministrou cursos sobre Literatura africana em geral, e angolana em particular. Foi um poeta, ensaísta e crítico literário, tendo publicado diversos livros em Angola, como Dezanove Recontos (1968) e Kitatu Mu'Lungo (1974). Após a independência angolana, foi redator do Jornal de Angola. Foi colaborador de vários jornais e revistas (O Apostolado, O Comércio - O Espírito e o Tempo, Prisma) e foi locutor da Rádio Clube de Angola.
Professor de Literatura e histórico militante do movimento negro, itegrou o “Grupo Afro-Brasileiro” do CEAA na década de 1970, sendo figura ativa nos “Encontros aos Sábados”. Além disso, foi pesquisador contratado do CEAA na década de 1980, sendo responsável pelo projeto de pesquisa de “Análise dos estudos africanos e afro-brasileiros e das instituições afro-brasileiras” no Brasil. Presidiu o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) entre 1982-1985.
Sul-africano, foi um dos pesquisadores estrangeiros do Afro no final da década de 1970. Além disso, foi um dos primeiros contratados para a equipe do Afro com recursos provenientes da Fundação Ford. Participou da organização inicial e do levantamento dos clippings de jornais e revistas para a biblioteca do Afro. Também conduziu o projeto de pesquisa “A África do Sul e o problema estratégico do Oceano Índico e da Roda do Cabo”, iniciado em 1978. No mesmo período, integrou a Coordenação Editorial da Revista de Estudos Afro-Asiáticos.
Atuou como pesquisadora associada do Centro de Estudos Afro-Asiáticos entre os anos de 1994 e 2008. Durante este período, foi professora e palestrante dos cursos de Pòs-Graduação Lato Sensu em História da África, desde suas primeiras turmas. Mônica é professora de História da África no Programa de Pós-graduação em História Social (PPGHIS) e no Programa de Pós-graduação em Ensino de História (PPGEH) da UFRJ.
Ela também coordena o Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA) no IH-UFRJ, onde promove pesquisas e discussões sobre a história da África e da diáspora africana.
Esteve diretamente envolvido na consolidação do CEAA, entre as décadas de 1970 e 1980. Através de seu prestígio e aporte de recursos da Fundação Ford, por ele capitaneada, o centro redirecionou sua agenda para os estudos afro-brasileiros. Esta virada veio em 1980, quando, juntamente com Joel Rufino dos Santos, Turner liderou o projeto de pesquisa Relações do Brasil com a África, no passado, e a participação do Negro na formação da sociedade brasileira, primeiro financiamento internacional expressivo do centro.
Historiador e professor no Hunter College, da City University of New York (CUNY), Turner também atuou como diretor do Programa de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos. Além de seu trabalho no Brasil, Turner fundou a Global Afro-Latino and Caribbean Initiative (GALCI), inicialmente criada para apoiar ONGs afro-latinas na Conferência Mundial da ONU sobre Racismo, Xenofobia e Outras Formas de Intolerância (Durban, 2001). Sob sua liderança, a GALCI ampliou seu alcance, facilitando o acesso dessas organizações a financiamentos de instituições multilaterais como o Banco Mundial e a Fundação Ford, reforçando a luta pela justiça social e econômica de comunidades afrodescendentes na América Latina e no Caribe.
De origem angolana, foi pesquisador do CEAA e professor do curso de especialização em História da África, entre 1999 e 2003. Neste período, desenvolveu pesquisas relacionadas às experiências de cooperação econômica no Atlântico Sul, com destaque às relações entre o Brasil e o continente africano. Posteriormente, entre 2009 e 2011, retornou à UCAM e atuou como professor convidado.
É formado em Economia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, mesma instituição em que realizou o mestrado em Economia, com o título “Histoire Économique de l' Angola depuis la fin de l'esclavage”. Realizou doutorado em Economia pelo CPDA da UFRRJ, com tese sobre valoração da água na América do Sul e África Austral. Foi diretor do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (CODESRIA), entre 1994 e 2000.
Foi membro ativo do Afro-Asiáticos, participando da Comissão Organizadora do Encontro Nacional Afro-Brasileiro, realizado em 1982, e do Ciclo de Conferências promovido pelo CEAA, em 1980. Médico e estudioso da obra de Frantz Fanon, o cabo-verdiano participou do Governo de Transição da República Autónoma de Cabo Verde. Ocupou os cargos de ministro da Educação e da Saúde daquele país. Em 2011, foi nomeado para o cargo de Chefe da Casa Civil da Presidência da República de seu país.
Entre 1999 e 2005, Ângela Figueiredo foi pesquisadora no Centro de Estudos Afro-Brasileiros, integrando a comissão científica da Revista Estudos Afro-Asiáticos e ajudando a promover iniciativas pioneiras, como o seminário Fábrica de Ideias. Sua atuação contribuiu para fortalecer a agenda de pesquisa sobre as relações entre gênero, raça e classe no Brasil, inclusive em diálogos comparativos internacionais.
Atualmente é professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e atua nos programas de pós-graduação em Ciências Sociais da UFRB, Estudos Étnicos e Africanos (POSAFRO) e Estudos Interdisciplinares de Gênero (PPGNEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Formada em Antropologia, com mestrado em Ciências Sociais (UFBA) e doutorado em Sociologia (SBI/IUPERJ), Ângela é voz ativa no feminismo negro. Coordena o Coletivo Angela Davis e organizou a Escola Internacional Feminista Negra Decolonial, contribuindo com publicações e documentários que destacam a cultura e a identidade afro-brasileira e africana.
Formada em História pela USP, com doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Caetana foi conselheira editorial da revista EAA e integrou pesquisas realizadas pelo CEAA sobre o mercado de trabalho no Brasil pós-Abolição. Foi pesquisadora no Instituto de Estudos da Religião (ISER). Atualmente é aposentada como Professora Associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Foi a bibliotecária-chefe do CEAA por 30 anos (1981-2001) e responsável pela biblioteca do Instituto de Humanidades da UCAM entre 2001 e 2009. Dentre suas contribuições pioneiras, destaca-se a elaboração de um léxico étnico-racial, então inédito no país, para classificação e indexação dos documentos da Biblioteca e do Centro de Documentação do Centro.
Também foi professora do Curso de Especialização em História da África, ministrando a disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa em 1998 e 1999. Ana Senna é doutora em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/MCTI) e atualmente é professora aposentada do curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades da Informação na FACC/UFRJ.
Foi pesquisador do Afro, entre 1984 e 1986 – após finalizar sua dissertação de mestrado (1983). Historiador, com doutorado pela UFF, é, desde 2005, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seus trabalhos vinculados à pesquisa histiográfica sobre o Antigo Regime nos Trópicos integraram a bibliografia dos cursos de História da África e do Negro no Brasil.
Márcia Lima iniciou sua trajetória no Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA) em 1991, em seu Departamento de Estudos Afro-Brasileiros. Sob a orientação de Carlos Hasenbalg, especializou-se em estudos sobre raça e mercado de trabalho. Ela fez parte da equipe de pesquisa do Boletim Números da Cor e colaborou com editoriais para o clipping Questões de Raça. Entre 1994 e 2004 integrou a equipe editorial de Estudos Afro-Asiáticos, onde atuou como Coordenadora Editorial, contribuindo para a consolidação da nova abordagem sobre as desigualdades raciais no Brasil. Durante sua atuação no Afro, Lima desempenhou um papel importante no fortalecimento de uma agenda de pesquisa voltada para as relações entre raça e estratificação social.
Socióloga, Márcia Lima é professora da Universidade de São Paulo (USP) e, desde 2023, atua como titular da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Superação do Racismo no Ministério da Igualdade Racial. Formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado e doutorado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), sua carreira inclui colaborações com instituições internacionais, como o Afro-Latin American Research Institute da Universidade de Harvard, além de coordenações no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), onde lidera o AFRO-Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial.
Trabalhou dois anos no CEAA, entre 1991 e 1992, quando foi coordenador do departamento África-Ásia, até ser substituído por Beluce Bellucci, recém-chegado de Moçambique. Durante sua estadia no centro, coordenou uma seleção de clippings e panfletos sobre a visita de Nelson e Winnie Mandela ao Brasil, em agosto de 1991, além de ter integrado a equipe do clipping A Semana na África, que teve 75 números publicados. Teria sido o proponente do Projeto Moçambique (1992), de mútua cooperação entre o CEAA e universidades moçambicanas, proporcionando experiências de intercâmbio entre estudantes destas instituições.
Colin Darch é um importante nome na História da África – especialmente na História de Moçambique, à medida que dedicou a este campo de pesquisa os últimos 40 anos de sua vida. Nasceu na Inglaterra e trabalhou em diversos centros de pesquisa, como Addis Ababa, Etiópia (1971-1974), Dar es Salaam, Tanzânia (1975-1978), Maputo, Moçambique (1979-1987), Harare, Zimbábue (1987-1991) e no CEAA (1991-1992). Desde 1992 reside na África do Sul, onde realiza suas pesquisas na Universidade da Cidade do Cabo.
Chegou ao CEAA no início dos anos 90, ainda enquanto cursava a graduação (UFRJ), como membro da equipe de José Maria. Posteriormente à sua atuação no Afro, foi um dos fundadores da área de História da África no Brasil e um importante especialista na área de História angolana. No CEAA, tornou-se gestor do Projeto Moçambique (1992), do Projeto Angola (1995), quando fez o acompanhamento acadêmico de 125 estudantes angolanos no Brasil. Bittencourt também foi membro das equipes de produção de clippings do CEAA – com destaque para A Semana na África (1991–1993) e Notícias Africanas (1993–1997), e organizou, em conjunto com Beluce Bellucci, o curso lato sensu de História da África e do Negro no Brasil.
Possui Graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991), Mestrado em Antropologia pela Universidade de São Paulo (1996) e Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2002). Atualmente é Professor Associado do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFF.
Após uma carreira inicial como demógrafo do IBGE, e tendo concluído um doutorado em Sociologia pela University of Michigan, Silva foi convidado a integrar o Afro por Carlos Hasenbalg, com quem já havia colaborado em diversos artigos, e na criação, em 1979, de um Grupo de Trabalho sobre relações raciais na ANPOCS. No Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, coordenou o Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais, contribuindo decisivamente para a afirmação da nova metodologia de pesquisa. Silva ofereceu, ainda, treinamento em métodos computacionais para equipes do Afro e do IUPERJ, formando a primeira leva de pesquisadores na nova abordagem.
Foi membro do corpo editorial da Revista de Estudos Afro-Asiáticos por 16 anos (1987-2004), para a qual colaborou, escrevendo diversos artigos sobre estratificação social no mercado de trabalho e na educação superior brasileira. Por diversas vezes, integrou a comissão de julgamento do Concurso de Dotações para Pesquisas sobre o Negro no Brasil. Sua atuação contribuiu para a institucionalização de uma agenda acadêmica sobre desigualdades raciais e sociais, consolidando o CEAA como uma referência neste campo no Brasil.
Amauri Mendes Pereira esteve presente no Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido Mendes desde suas origens, nos encontros no campus de Ipanema na década de 1970. Sua atuação no CEAA foi ampla, desempenhando papéis como colaborador e consultor ad-hoc nos anos 2000 e 2012, respectivamente. Ao longo de sua trajetória no centro, Amauri contribuiu significativamente para o desenvolvimento de pesquisas e iniciativas voltadas ao fortalecimento dos estudos afro-brasileiros e ao fomento do diálogo entre Brasil e África, consolidando sua relevância tanto no meio acadêmico quanto no ativismo.
Mestre em educação e doutor em ciências sociais pela UERJ, Amauri foi um dos fundadores do SINBA (Sociedade de Intercâmbio África-Brasil) e do MNU (Movimento Negro Unificado), além de presidir o IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras). Especializou-se em História da África e do Negro no Brasil pelo CEAA, onde também lecionou. Atualmente, é professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), continuando sua contribuição acadêmica e ativista nas questões raciais.
Gladys Lechini esteve ativamente envolvida em iniciativas acadêmicas promovidas pelo Afro-Asiáticos nas décadas de 1980 e 1990, quando foi pesquisadora-visitante por longos períodos. Participou de seminários nacionais e internacionais organizados pelo centro, que fomentaram o intercâmbio entre acadêmicos brasileiros, latino-americanos e especialistas africanos, com destaque para o X Congresso da ALADAA, realizado em 2000, com apoio do CLACSO. A obra de Lechini, uma das principais pesquisadoras sobre a cooperação e presença africana na Argentina, seu país, revela como o CEAA foi importante na construção de uma agenda de estudos diaspóricos desde uma perspectiva latino-americana.
Atualmente, Lechini é professora de Relações Internacionais na Faculdade de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidad Nacional de Rosario (UNR, Argentina). Ela é pesquisadora titular do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) e dirige o Programa de Relaciones y Cooperación Sur-Sur (Precsur).
Chegou ao CEAA no início dos anos 90, ainda enquanto cursava a graduação (UFRJ), como membro da equipe de José Maria. Entre 1991 e 2012 foi pesquisador do CEAA, tornando-se também Editor da Revista Estudos Afro-Asiáticos, entre 2005 à 2011. Foi Coordenador de Projetos de cooperação internacional e de intercâmbio com países africanos. Integrou a equipe de produção de clippings, com destaque para A Semana na África (1991–1993) e Notícias Africanas (1993–1997). Foi um dos coordenadores do Curso de Especialização História da África e do Negro no Brasil.
Posteriormente à sua atuação no Afro, foi um dos fundadores da área de História da África no Brasil e um importante especialista na área de História de Moçambique. Edson Borges é doutor em história pela UFRJ, e é atualmente professor da UNILAB-Ceará.
Como responsável pela Fundação Ford no Brasil, Peter Fry foi um agente importante na reformulação do Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, tanto pelo aporte de um robusto financiamento, quanto pela indicação de Carlos Hasenbalg para dirigi-lo, em 1986. Fry esteve à frente de dois projetos pioneiros de cooperação educacional do centro. O primeiro foi o Projeto Moçambique, que promoveu o intercâmbio de estudantes entre o Brasil e o país africano, e o segundo, um projeto voltado para a formação de doutores negros especializados em relações raciais, ampliando a diversidade étnico-racial da produção acadêmica.
Formado em antropologia pela University of Cambridge e doutor pela University of London, com uma pesquisa de campo realizada na África, Fry chegou ao Brasil em 1970. Ele teve um papel fundamental na consolidação da pós-graduação em ciências sociais na UNICAMP, onde lecionou até 1983, estabelecendo-se como uma referência nos estudos sobre relações raciais e culturais no Brasil. Entre 1983 e 1985, foi professor visitante no Museu Nacional (UFRJ), e, posteriormente, atuou como representante da Fundação Ford no Brasil e no Zimbábue. Ao retornar ao Brasil em 1993, passou a lecionar no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, onde permaneceu até sua aposentadoria em 2010.
Entre 1999 e 2005, Joselina da Silva atuou como pesquisadora no Centro de Estudos Afro-Brasileiros (CEAB), vinculado ao CEAA. Nesse período, ministrou cursos para capacitação de professores sobre o Ensino da História da África e Cultura Afro-Brasileira, além de coordenar formações voltadas para ativistas e estudantes das relações raciais. No CEAB-CEAA, foi idealizadora e coordenadora do Fórum Iniciativas Negras e, ao lado de Amauri Mendes, publicou livro baseado em entrevistas realizadas com as delegações presentes na Conferência de Durban. Também organizou o Fundo Memórias Negras, parte importante do acervo do Afro. Sua contribuição tem sido fundamental para o fortalecimento das discussões sobre raça no contexto educacional.
Joselina da Silva é professora associada do Programa de Pós-Graduação em Educação UFRRJ e da UFC. Com uma trajetória marcada pelo envolvimento acadêmico e ativista nas áreas de relações raciais, movimentos sociais e questões de gênero, Joselina participou de publicações importantes, como a Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe e a Enciclopédia Mulheres Negras do Brasil.
Pesquisador do Departamento de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA entre 1986 e 1992, e, novamente, entre 1997 e 2001. Foi integrante do Grupo de Trabalho André Rebouças (GTAR – UFF), onde conviveu com outros pesquisadores que circularam pelo centro – como Beatriz Nascimento e Eduardo Oliveira. Sob a coordenação de Carlos Hasenbalg, participou da elaboração do Boletim do Centenário, com o objetivo de mapear, divulgar e analisar o impacto do Centenário da Abolição no debate público e acadêmico. Foi um dos organizadores do livro Escravidão e relações raciais no Brasil: cadastro da produção intelectual (1970-1990), publicado pelo CEAA em 1991. Junto com Márcia Lima e Nelson do Valle, integrou o Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais.
Possui mestrado em Sociologia pelo IUPERJ (1993) e pós-graduação na University of Pittsburgh, com financiamento da Fundação Ford. Atualmente, é analista de políticas públicas da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).
Formado em História pela UFF (1977) e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo-USP (1998). Foi pesquisador do CEAA entre 1978 e 1982, quando coordenou a área de estudos asiáticos, ministrando cursos sobre cultura e língua chinesas, e escrevendo textos e artigos sobre China, inclusive para a Revista EAA. Neste papel, representou o centro em cerimônias diplomáticas do Brasil com a República Popular da China, e desenvolveu contatos diretamente com a embaixada daquele país. Saiu do CEAA em 1982, período de mudança da agenda terceiro mundista do Centro. Neste mesmo ano, passou a trabalhar no IBGE e, posteriormente, atuou na Escola Superior de Guerra, vindo a fundar, em 1994, o Instituto Brasileiro da China e Ásia-Pacifico (IBECAP).
Um dos pioneiros na profissionalização da área de Relações Internacionais no Rio de Janeiro, Williams Gonçalves, atuou no CEAA entre 1978 e 1982, nos estudos e cursos sobre Ásia, com ênfase em China. Em contato mais estreito com pesquisadores como José Maria Nunes Pereira e Severino Cabral, Gonçalves participou da elaboração de análises sobre conjuntura internacional, sobre os acordos de cooperação entre Brasil e África e Brasil e Ásia. Também se envolveu na organização de eventos sobre Estudos Estratégicos, em parceria com instituições como a Escola Superior de Guerra.
Formado em História pela UFF (1978), mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC/RJ (1984) e Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo-USP (1994). Williams é professor aposentado e um dos fundadores do Departamento de Relações Internacionais da UERJ.
Sob a direção de Carlos Hasenbalg, iniciou sua trajetória no Departamento de Estudos Afro-Brasileiros no final dos anos 1980, quando atuou no projeto Escravidão e relações raciais no Brasil: cadastro da produção intelectual (1970-1990), publicado pelo CEAA em 1991. Participou da Comissão Julgadora do 1º Concurso de Teses sobre Relações Raciais e Cultura Negra no Brasil, realizado em 28 de agosto de 2003 e integrou o conselho editorial da Revista EAA.
Atualmente, é Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ, onde também cursou mestrado e doutorado. Coordena o Laboratório de Antropologia e História (LAH/PPGAS/MN) e desenvolve pesquisas sobre plantationoceno e extrativismo.
Foi um dos fundadores da Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (Sinba) e do Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (lPCN), em 1974 e 1975. Um dos dirigentes do Movimento Black Soul, Medeiros foi informado em um baile sobre os Encontros aos Sábados, em Ipanema, logo tornando-se um dos organizadores das reuniões no CEAA, ao lado de Paulo Roberto dos Santos e José Ricardo D´Almeida. Mais tarde, trabalhou na Secretaria de Defesa e Promoção das Populações Negras, durante o segundo governo Leonel Brizola. Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Medeiros traduziu para o português grande parte da obra do sociólogo Zygmunt Baumann, publicada pela Editora Zahar.
Sociólogo e criador do Centro de Estudos Afro-asiáticos em 1973. Professor Titular da Universidade Cândido Mendes e realizava a dupla função de lecionar para alunos e militantes do movimento social negro.
Dono de uma das maiores bibliotecas sobre a África contemporânea, transferida quase inteiramente para o Afro nos anos 70, fortalecendo-a ao idealizar a coleta de clippings sobre raça, racismo e África.
Estabeleceu uma ponte em relações diplomáticas entre os novos países africanos e o Brasil nas frentes política e econômica, recepcionando no CEAA adidos militares, diplomatas, ministros, e também auxiliando o investimento brasileiro privado nesses países. Além de pesquisador e professor, criou laços fraternos com importantes lideranças do movimento negro carioca como Yedo Ferreira, Amauri Mendes e Helena Theodoro.
Antropólogo, professor da UFBA, onde é pesquisador do Centro de Estudos Afro-orientais (CEAO). Foi diretor do CEAA durante os anos de 1996 e 2000, sendo o criador do projeto Fábrica de Ideias em 1999 e como editor da Revista de Estudos Afro-asiáticos elevou a sua qualificação ao máximo segundo a CAPES.
Foi Vice-diretor acadêmico em 1996 e Vice-diretor técnico-científico do CEAA entre 1997 e 2000. Fez parte do Conselho Editorial de 1996 a 2000, sendo Editor entre 2001 a 2003. Também compôs o Conselho de Redação entre 2001 e 2003.
Beluce Bellucci, Doutor em História Econômica pela USP; Licenciado em Desenvolvimento Econômico e Social pela Université de Paris 1 – Sorbonne, viveu por 13 anos no continente africano, particularmente em Moçambique, onde trabalhou no Banco Popular de Desenvolvimento, na coordenação do Projeto de Desenvolvimento Integrado de Cabo Delgado e Niassa, na coordenação de cursos na formação de profissionais do Ministério da Agricultura e posteriormente foi consultor do PNUD no Ministério da Cooperação. Viveu na Argélia antes das independências das colônias portuguesas em contatos com os movimentos de libertação. Na UCAM foi coordenador de África; vice-diretor executivo de CEAA; um dos criadores e primeiro diretor do Instituto de Humanidades, onde se integrou pela primeira vez os estudos africanos como disciplina obrigatória na grade curricular da graduação; foi pró-reitor de graduação e diretor de EaD.
Sociólogo argentino, um dos primeiros a aplicar o uso de métodos quantitativos nas ciências sociais brasileiras e ao assumir a direção do CEAA entre os anos de 1986 e 1991 montou o Laboratório de Pesquisa sobre Desigualdades Raciais. Treinou jovens doutores negros para o estudo das relações raciais no país. Também promoveu o concurso de Dotações sobre o Negro no Brasil de amplitude nacional que cujos arquivos compõem a biblioteca do Afro.
De origem congo-belga, é economista de formação. Chegou ao CEAA ainda nos anos de 1970 para apoiar a gestão de José Maria dada sua experiência na República Centro-Africana como funcionário da PNUD.
Sua presença no Afro visou fortalecer os laços entre o Centro e o continente africano via relações diplomáticas após a descolonização destes países. Foi Vice-diretor administrativo do CEAA (1984-1985) e membro do Conselho Editorial (1987-1993). Também foi o último diretor do CEAA, entre 2014 e 2016.
Doutor em direito, cientista político, educador, polígrafo, membro da Academia Brasileira de Letras (Cadeira 35), terceiro Conde Mendes de Almeida (título criado e conferido pelo Vaticano), e Reitor da Universidade Candido Mendes.
Foi o principal responsável pela criação de instituições de pesquisa inovadoras no cenário das humanidades brasileiras, como o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e o Centro de Estudos Afro-Asiáticos.
Através de sua posição projetou o CEAA como espaço de diplomacia brasileira em relação ao continente africano, estabelecendo uma rede entre políticos, intelectuais, militares e militantes políticos dos dois lados do Atlântico.
Doutora em Politics (Áreas: Teoria Política e Relações Internacionais) pela New York University. Foi professora titular do Instituto Universitário Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes. Foi editora da Revista Estudos Afro-Asiáticos e diretora do Afro entre 2011 e 2013.
Doutora em Sociologia (IUPERJ), é atualmente professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e dos cursos de graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE/UFRJ). Foi diretora do Centro de Estudos Afro-Brasileiros (CEAB), entre 2002 e 2004.
Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Atualmente é professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, campus de Cachoeira. Foi Diretor do Centro de Estudos Afro-Brasileiros (CEAB), criado a partir do Programa de Estudos Afro-Brasileiros do CEAA, entre 2004 e 2005.