Memória Negra

O "Memória Negra Brasileira" é um sistema de informação e arquivo documental do CEAA que reunia um vasto acervo de notícias de jornal sobre a população afro-brasileira e questões relacionadas. O projeto consistiu em um serviço de clipping — recortes de jornais e revistas — que serve como uma cápsula do tempo da cobertura da grande mídia brasileira sobre as questões raciais, sociais e políticas envolvendo a comunidade negra no país.

A documentação em arquivo abrange um período de 40 anos, de 1972 a 2012, e conta com aproximadamente 70.000 itens, tanto impressos quanto digitais. As fontes são provenientes de importantes veículos de imprensa do Brasil e de veículos produzidos pelos movimentos sociais, com foco nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília.

Inicialmente, a coleta e organização dos recortes eram feitas de forma manual, a partir da coleta de pesquisadores do CEAA destes periódicos, folhetos e materiais impressos. A partir de maio de 1989, o arquivo passou a ser alimentado com o material enviado pela empresa especializada LUX Jornal (com quem o Centro firmou uma série de parcerias), ampliando a cobertura para os principais periódicos diários de todos os estados e algumas das principais revistas publicadas no Brasil. Além disso, a coleção foi acrescida de doações, como foi aquela feita pelo militante histórico do movimento negro Yedo Ferreira.

Um marco importante na trajetória do acervo ocorreu em 2001, com o Projeto Durban (CEAA), coordenado por Joselina da Silva e Amauri Mendes Pereira, com apoio da Fundação Ford. O Projeto foi concebido para analisar e documentar o processo de preparação e realização da III Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância, realizada em Durban, na África do Sul.

Nesse contexto, o acervo Memória Negra foi ampliado com centenas de novos documentos, incluindo clippings sobre os preparativos e a realização da Conferência, além de textos de órgãos governamentais, internacionais e ONGs. Assim, o Projeto Durban não apenas gerou produtos específicos (como o simpósio O Brasil no Ano Internacional de Mobilização Contra o Racismo, realizado em 2002, e a publicação do livro Olhares sobre a mobilização brasileira para a III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias correlatas em 2012) como também transformou o próprio Memória Negra, inserindo-o em um cenário global de debates sobre racismo e políticas de ação afirmativa.

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